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Homens e deuses: Entre a fé e ideais políticos

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Na Argélia de 1996 havia “uma boa relação entre cristãos e muçulmanos”, de acordo com o relato de Jean Pierre...
Na Argélia de 1996 havia “uma boa relação entre cristãos e muçulmanos”, de acordo com o relato de Jean Pierre Schumacher, um dos dois monges que se salvou da morte no massacre de Thibirine. Na época sete membros de sua comunidade foram assassinados por extremistas muçulmanos.
A história ganhou os cinemas, e “Homens e Deuses”, do diretor francês Xavier Beuvois (“O Pequeno Tenente”), sustenta a tensão no massacre que chocou a comunidade cristã e aprofunda as relações em Thibirine, onde monges católicos viviam sitiados em uma comunidade muçulmana, em que o fundamentalismo islâmico, prenunciando a tensão que sempre envolveu a relação entre cristãos e mulçumanos.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes em 2010, “Homens e Deuses” detalha os acontecimentos no ano de 1996, o preconceito que imperava em uma comunidade contemplativa, com pouca vida social e muito trabalho nos campos e pomares.
Associado aos terroristas islâmicos, por se opor aos excessos na captura dos guerrilheiros que se opunham ao governo (uma ditadura militar islâmica) o Pior Christian de Chergê (Lambert Wilson, de “Um Plano Brilhante”) dedica seu tempo a orações, cânticos e trabalho agrícola, numa atmosfera silenciosa.
Com um arsenal de informações valiosas que definiram a opinião do filme em relação aos monges e sem apresentá-los com uma personalidade santa e sem se deter em uma visão maniqueísta, definindo bem e o mal, “Homens e Deuses” apresenta o verdadeiro sentido que os levaram os monges a ficar em meio a um conflito regional para não abandonar a missão.
O cenário do conflito que apresenta uma luta governamental e um preconceito contra a França, que colonizou instituindo um modelo de pobreza em diversas colônias, inclusive a Argélia. Monges ou não, o fato é que havia uma rejeição aos franceses na Argélia de 1996 e com o fundamentalismo islâmico o resultado não podia ser outro: a captura e assassinato dos monges pela facção Jamaat Islamyya.
Entre questões indefinidas, de um massacre que poderia ter partido do próprio serviço secreto argelino, com participação do governo. E até mesmo as divergências religiosas entre cristãos e islâmicos, as dúvidas e o próprio medo do Pior relatados no filme mostram o terrível destino de uma missão cristã em território muçulmano.
Quando persistem em permanecer, apesar de todos os perigos que certamente conheciam, mas que não abalaram o firme propósito dos sacerdotes, tornando-os de algum modo alvo em meio ao conflito que resultou em tragédia, sem qualquer raciocínio de uma ou de outra parte.

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